quinta-feira, 16 de junho de 2011

(RE) Construção


Sabe quando roubam uma parte de você? Roubaram uma parte de mim, uma parte importante, a capacidade de confiar nas pessoas. E me tiraram ela da pior forma possível, com dor, muita dor. E não uma única vez, arrancaram pedacinho por pedacinho. Hoje, tentam reconstruir essa parte, hoje, eu tento reconstruí-la. Ficou apenas o vazio. E como faz falta, parece interessante a falta de confiança fazer falta. Mas faz. Porque aí aparece alguém. Aquele alguém, não um alguém qualquer, um alguém esperado, apesar de você não saber que ele poderia ser encontrado, você não sabia, mas você esperava. Caio Fernando Abreu já dizia "nunca encontrei você nas escadas". Eu encontrei, não nas escadas, talvez em um bar qualquer, ou em um passado não lembrado, em um show, pouco importa onde, eu encontrei você. Talvez eu te perca amanhã, ou talvez eu me perca amanhã, talvez você me perca, ou talvez nós possamos nos perder, quem sabe, nada disso importa, importa que eu te encontrei e você tá aqui pra mim e eu tô aqui pra você. É piegas, mas meus olhos têm um brilho único por você, é único e quando o meu brilho nos olhos encontra com o seu brilho nos olhos, pronto, arco-íris, não, melhor cristais, arco-íris tem muitas cores, não que eu não goste de cores, mas cristais são mais interessantes. Mas eu não quero falar de você, quero falar de mim. Você surgiu, você me fez balançar as pernas, me fez sentir borboletas no estômago e principalmente, me fez acreditar. Eu acredito sabe, acredito mesmo, mas cadê ela, cadê ela que eu preciso tanto, a minha capacidade de confiar. Porque eu quero acreditar, eu acredito, claro, mas o vazio dela me gela por dentro - e por fora. E você sabe fazer fogueiras, aquelas que me esquentam e aí ela começa a ressurgir e eu fico feliz, tão feliz, mas fogueiras não ficam pra sempre, o meu vazio parece ficar. Talvez se você pudesse inventar uma fogueira que durasse pra sempre, eu te ajudo, a gente inventa. Mas a culpa não é sua de eu precisar dessa fogueira e eu não posso despejar isso em você. E aí de novo vem o vazio. É, eu não sei se ela pode ser reconstruída.