quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Aparências

Com um sorriso amarelado, Simone dizia, aos colegas de trabalho, que ser feliz era o bastante. Os colegas admiravam-na.
No auge dos seus dezessete anos, Pedro só falava sobre sexo. Os amigos tinham inveja de suas histórias.
Em seu horário de almoço, Simone se trancava dentro do banheiro e chorava, não conseguia nem comer. Lavava o rosto e voltava, com seu sorriso automático, para o expediente. Simone era depressiva.
Quando chegava da escola, Pedro se trancava no quarto e assistia vídeos pornos. Pedro era virgem.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

No meio do caminho

Ela, sempre distraída, chuta uma pedra.
- No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho. diz uma voz desconhecida.
Ela sorri.
-Não sei se você riu para mim ou de mim, mas não importa, ganhei o primeiro sorriso, queria saber quando ganharei o segundo.
E ali ele ganhou o segundo sorriso... o terceiro...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Divisão

- É com você que eu quero dividir meus sonhos.
- Sonhos não são divisíveis! disse ele.
- Nós podemos fazer com que sejam. ela diz e sorri.
- Eu não quero dividir os meus e não quero que você divida os seus, os meus sonhos estão comigo há muito tempo, são uma carga minha, uma parte de mim. Você não é uma parte de mim, eu escolhi você para estar ao meu lado e não para passar a sonhar junto comigo, somos seres individuais.
- Mas eu preciso de alguém que tenha coisas divisíveis e que me incorpore em sua vida, não que me deixe somente caminhar ao seu lado.
- Então esse alguém não sou eu.
- É, talvez não seja.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Arco-íris


Olhei para a parede cor de gelo - foi quando percebi que não quero que a minha vida seja tão sem graça quanto ela. Para a parede deixar de ser assim, basta eu pintá-la, para a minha vida deixar de ser cor de gelo, basta eu colori-la. Então, eu pegarei os lápis de cores e farei um arco-íris, incluirei a cor preta, afinal toda vida precisa de um pouco de escuridão, talvez esse seja o tempero dela, da vida.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Por eles


"Tenho amigos tão bonitos. Ninguém suspeita, mas sou uma pessoa muito rica". (Caio F.)

Existia uma coisa no mundo que a deixava radiante, era insubstituível e a fazia esquecer todo o resto, o sorriso, ou melhor, os sorrisos de seus amigos, aquilo iluminava por onde passava. E era por eles que ela faria tudo, exatamente tudo o que pudesse, para nunca tirarem aqueles sorrisos de seus rostos!
Às vezes eles a irritavam, ou a deixavam brava, mas nada disso importava, as horas de alegria, de compreensão, de abraços, festas, bebedeiras, risadas, confissões trocadas, conselhos e broncas dadas e recebidas, tudo aquilo se fazia mais importante, tudo aquilo alegrava seu dia.
Não imaginava sua vida sem eles, nenhum deles, eram como peças de um quebra-cabeça, cada um à seu modo, juntos a preenchiam. E a aceitavam, isso era importante, nunca foi uma pessoa de fácil convivência, temperamento estourado e gênio difícil, porém, no fundo, doce como ninguém.
E assim, seu jardim se completava, cuidava de cada flor com muito carinho para que elas nunca murchassem. Afinal, era ali que estava o seu maior sorriso.

terça-feira, 8 de junho de 2010







O amor pode acontecer; ou não.






sábado, 24 de abril de 2010

Conto de fadas


"Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre..." (Cássia Eller/ Renato Russo)






Abriu o guarda-roupa e puxou suas caixas de cartas, essas caíram por todo o chão. Separou as dos antigos namorados, ficou a madrugada inteira lendo minuciosamente cada linha. Eram tantas as promessas feitas, as juras de amor, a cumplicidade e as confissões trocadas. Lembrava-se do carinho, do cheiro, dos beijos. Pensava no conteúdo das cartas que também escreveu, deveriam existir inúmeros “amo-te”, sempre pensava que aquele era pra sempre, mas ai, um dia, o encanto passava. Agora todos eram como estranhos, não habitavam mais sua vida, nem seus pensamentos, devem ter tidos várias após ela, era esquisito pensar dessa forma. E ali, debruçada sobre todas as cartas, relembrava o primeiro beijo, o pedido de namoro, quando conheceu as famílias de cada um, os momentos de alegria e também aqueles de tristeza. Teve vontade de queimar tudo ou jogar na privada e dar descarga, doía pensar que tudo aquilo que sentimos um dia simplesmente acaba, assim, simples. Doía pensar que na verdade nunca amou ninguém, que tudo que sentirá até então era ilusão, talvez carência. E os contos de fadas? E os viveram felizes para sempre? Respirou fundo e começou a guardar tudo, foi guardando com carinho e pensando que esperaria as próximas cartas, e as próximas, até que chegasse o seu pra sempre.

"De tudo isso, me ficaram coisas tão boas. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo." (Caio F.)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Amor?

"Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer..."
(Clarice Lispector)

Hugo bebia seu terceiro copo de vodka barata enquanto xingava Sofia, sua ex-namorada, dizia que ela não valia nada, que era uma vagabunda sem coração.
Na quinta dose já estava chorando como uma criança, chegava a soluçar, "eu a amei como ninguém jamais amará e o que ganhei com isso? Somente ingratidão."
Mais duas doses e pegou o celular, "vou ligar para ela, eu me caso com ela se for preciso, ela é a mulher da minha vida!". Fecha o telefone, desiste de ligar.
Acende um cigarro, enche mais um copo e pensa: "aquela vagabunda deve estar 'dando' pra qualquer um agora, senão pra mais de um, vadia!". Volta a chorar: "como eu a amo, ela não podia terminar comigo, fomos feitos um para o outro, almas gémeas."
O telefone toca, era Sofia:
- Hugo - soluços - não consigo dormir, eu pensei muito e não deveria ter terminado com você, eu te amo, me atormento só de pensar que você poderia estar com outra.
Uma longa pausa.
- Não posso falar agora, você não está enganada, não estou a sós, depois conversamos. Ah, acho melhor não voltarmos mesmo, eu também pensei bastante e você está longe de ser a mulher da minha vida.
Ele desliga o telefone, acende um cigarro, sorri e vai dormir.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sem razão


"Adoro um amor inventado"
(Cazuza)

Ele tinha um jeito desconfiado de olhar para os outros, quando olhava. Os olhos muito azuis pareciam o reflexo do mar. Cabelos bagunçados e encaracolados, talvez fosse um anjo. Pouco sorria, era sério e intimidante. Visual despojado e divertido. Diziam que ele tinha alguns problemas, não era uma pessoa normal, mas estava sempre rodeado de amigos. Muito inteligente, escrevia poesias. Vícios, muitos vícios.
Ela era insegura. Olhos grandes e olhar intenso. Calada perto de muitos, faladeira perto de outros. Cabelos escuros e longos. Pele clara, piercings, tatuagem. Gostava de se vestir sempre estilosamente. Tinha muitos amigos, mas ao mesmo tempo selecionava pessoas. Dizia-se antipática, mas adorável. Unhas roídas, sinal de grande ansiedade. Sincera, extremamente sincera. Amava música. Vícios, muitos vícios.

Seus destinos se cruzaram, seus olhares também e por instantes pertenceram um ao outro. Hoje são como estranhos, tão estranhos que as coisas mais estranhas ocorrem entre eles. Ninguém explica, ninguém consegue explicar. Tão pouco há para se explicar, como dizia Cazuza são destinos traçados na maternidade. E ninguém precisa acreditar.



"Quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. Dilacerando felicidades de mentira, desconstruindo tudo o que planejei, abrindo todas as janelas para um mundo deserto. É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias."

(Caio F.)

terça-feira, 23 de março de 2010

Mudanças


"Mude, mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a
velocidade." (Edson Marques)







E ela reclamava de tudo, de seu cabelo, seu corpo, seu ócio, suas unhas, dos mesmo lugares. Durante a noite planejava o dia seguinte, coisas novas, coisas boas, mudanças, mas nunca mudava nada, nunca fazia nada para mudar o que desejava e continuava reclamando, infeliz. Mas que direito ela tinha de reclamar se não fazia nada para mudar?

E o tempo não parava, as pessoas não paravam, a vida continuava. Apenas ela continuava estagnada em algo que não desejava ser. Seria medo, seria preguiça ou acomodação? Deveria haver alguma explicação!

"(...)Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já
conhecidas, mas não é isso o que importa.

O mais importante é a mudança,
o movimento, o dinamismo, a energia.

Só o que está morto não muda !

Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena !!!" (Clarice Lispector)

quarta-feira, 3 de março de 2010

Deixe-me ser


Meu 'lado bipolar' está fazendo efeito, novamente! Aquela confusão de ideias de não saber o que quero, ou saber e logo em seguida mudar de opinião. Lia o texto que escrevi, 'bloco do eu sozinho', e nele disse que não queria mais promiscuidade em minha vida, pois que percebi que isso durou por pouco tempo. É, talvez eu seja uma pessoa promíscua em busca do meu magrelo encantado, sei que um dia ele surgirá e irá me tirar dessa vida! Mas enquanto ele não surge, brindemos a minha, a sua, a nossa promiscuidade!

(...)mesmas tentativas, idênticas queixas, esperas inúteis, mágoas inconfessáveis de tão miúdas. (Caio F.)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Um poema e várias bohemias

“Aos caminhos, eu entrego o nosso encontro.” (Caio Fernando Abreu)

Usava um vestido xadrez, preto, branco e cinza, balonê, com um grande laçarote na frente. Um salto 'agulha' preto. Maças do rosto vermelhas, lápis preto, uma sombra rosa discreta, muito rímel e um gloss bem claro. Unhas vermelhas. Cabelos soltos, só com as pontas aneladas. Se olhou pela última vez no espelho, sorriu e saiu.

Decidiu ir sozinha, pegou o carro e marcou de encontrar as amigas por lá. Era um pub que só tocava rock and roll, chegou meia hora antes do combinado, queria olhar o lugar, as pessoas. Sentou-se em uma mesa e pediu uma dose de vodka, enquanto esperava as amigas. Logo que sentou, olhou para frente, viu ele, magrelo, alto, cabelo bagunçado preto e tão branco que chegava a doer. Camiseta, calça jeans e all star, alargador em uma das orelhas e tatuagem no braço direito. Ela sorriu, mas ele nem a notou.
Enquanto aguardava suas amigas vários tentaram se aproximar, sentar na mesa, mas ela ainda estava intrigada com aquele rapaz magrelo que nem sequer viu sua existência.
Ela e as amigas se embebedaram a noite inteira ao som de Led Zeppelin. Quase no final do cover, na volta do banheiro, ela o ve no meio da pista e pensa em alguma maneira de chamar sua atenção. Passa ao seu lado e esbarra propositalmente. No choque, o copo dela, que estava cheio de cerveja, cai no chão. Ele xinga ao ver seu tênis molhado, mas quando levanta a cabeça e vê quem o esbarrou, sorri. Ela sorri de volta. Ele pede perdão e diz que terá que pagar uma cerveja para compensar a que ele derrubou. Ela diz que a culpa foi dela, mas se ele quisesse pagar, não acharia ruim. Os dois se dirigem até o bar e ele pede uma cerveja, mas diz que só deixará ela beber, se beberem juntos.
Após conversarem alguns minutos, ele toca seus cabelos, acaricia seu rosto e beija-lhe. Ao final da banda, os dois saem de mãos dadas e ele a convida para ir até sua casa, ela fica tentada, nunca tinha recebido um beijo como o dele, porém nega. Era muito conto de fadas e não queria estragar tudo. Ele anota seu telefone e se despedem.
E o resto? O resto é estória!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Bloco do eu sozinho


"Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada
Toda Bossa é nova e você não liga se é usada
Todo o carnaval tem seu fim
Todo o carnaval tem seu fim
E é o fim, e é o fim

Deixa eu brincar de ser feliz,
Deixa eu pintar o meu nariz" (Los Hermanos)


Aquela famosa frase, "todo carnaval tem seu fim", mais uma vez tem efeito. Junto com o fim do carnaval, se vão as paixões de carnaval. Mas do que estou falando, se nem isso eu tive. Está certo que também não tive um carnaval convencional, mas estou tentando chegar em um único ponto, eu não tenho ninguém. Sim, sem rolos, sem amores, talvez uma paixão platônica e uma 'meio' platônica, e principalmente, sem pegação promíscua. E nessas horas vejo como a carência anda me abatendo. Algumas vezes penso em voltar para minha vida bandida, outras em sossegar, namorar, casar e blá blá blá. Mas logo em seguinda me lembro, que para eu conseguir um namorado, preciso que ele também queria namorar comigo, dai já volto a pensar na pegação promíscua, mas logo desisto, não tem mais graça, ao contrário, no outro dia tenho nojo de mim. Resumindo, o carnaval acabou e parece que minha 'vida social sentimental' também está no fim.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ano novo, vida nova ou ano novo, tudo de novo??

Já estamos em fevereiro e ainda não me dei conta disso... São muitos projetos para esse ano, mas até agora não fiz nada para colocar nenhum deles em prática, estou precisando de uma "sacudida"! E com muita esperança de que esse ano vai ser 'o ano', pelo menos feliz estou.
Comecei o ano incomodando também, afinal, alguém que me ama muito, fez um fake meu no formspring, a mais nova ferramenta inútil da internet.

Ahh, não passei no vestibular, estou na lista de espera, mas sem esperança de ser chamada, logo, minha vida de cursinho irá recomeçar, maldita hora que resolvi trancar a facu e prestar federal ¬¬

Ultimamente tenho conhecido muitas pessoas diferentes e feito bastante amizades, sendo assim, minha vida social está pura badalação, sendo assim, tenho que aproveitar os últimos momentos, antes de começar o cursinho novamente.

Carnaval, um feriado ridículo, mais um desculpa para sexo e álcool... Então, vamos beber, né?! Mas sem axé e com camisinha, por favor!

E mais um post inútil, só pro meu blog não ficar muito abandonado, ando totalmente sem criatividade.

Bom carnaval a todos e já sabem, se beberem, não dirijam!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Doces sonhos


"Mas confuso, perdido, sozinho, minha única certeza é que de cada vez aumenta ainda mais minha necessidade de ti. Torna-se desesperada, urgente. Eu já não sei o que faço. [...] Quero beber tua água. Não te negues, minha sede é clara.” (Caio F.)

Talvez ela fosse somente louca. Até evitava comentar sobre seus sentimentos com as pessoas, porque ela mesma não sabia distinguir até que ponto era realidade, até que ponto era imaginação. Depois de pararem de se verem, até de se falarem, ele voltava, mas dessa vez ele habitava somente seus pensamentos. Pensamentos que eram tão intensos que pareciam reais. Mas mais que isso ela sentia uma felicidade súbita, por mais que soubesse que era só imaginação ela ficava feliz. Ficava feliz porque uma noite sentiu algo, algo totalmente diferente de tudo que já sentira, uma paz de espírito e ao mesmo tempo algo que dizia-lhe: "É ele!". Um pouco medonho, mas a partir dessa noite seus dias se tornaram mais doces. Seus sonhos com ele muito reais, podia sentir sua presença ao lado, sua respiração ofegante, o toque de suas mãos, seus beijos apaixonados e conseguia enxergar o azul de seus olhos, como se brilhassem para ela. E ela sempre repetia: "Tudo se tornará realidade" e depois acendia seu cigarro.

"Que medo alegre, o de te esperar." (CL)
"Tudo isso, que é nada, subitamente parece tão absurdo e patético e insano e monótono e falso e sobretudo tristíssimo” (Caio F.)