sexta-feira, 2 de abril de 2010

Sem razão


"Adoro um amor inventado"
(Cazuza)

Ele tinha um jeito desconfiado de olhar para os outros, quando olhava. Os olhos muito azuis pareciam o reflexo do mar. Cabelos bagunçados e encaracolados, talvez fosse um anjo. Pouco sorria, era sério e intimidante. Visual despojado e divertido. Diziam que ele tinha alguns problemas, não era uma pessoa normal, mas estava sempre rodeado de amigos. Muito inteligente, escrevia poesias. Vícios, muitos vícios.
Ela era insegura. Olhos grandes e olhar intenso. Calada perto de muitos, faladeira perto de outros. Cabelos escuros e longos. Pele clara, piercings, tatuagem. Gostava de se vestir sempre estilosamente. Tinha muitos amigos, mas ao mesmo tempo selecionava pessoas. Dizia-se antipática, mas adorável. Unhas roídas, sinal de grande ansiedade. Sincera, extremamente sincera. Amava música. Vícios, muitos vícios.

Seus destinos se cruzaram, seus olhares também e por instantes pertenceram um ao outro. Hoje são como estranhos, tão estranhos que as coisas mais estranhas ocorrem entre eles. Ninguém explica, ninguém consegue explicar. Tão pouco há para se explicar, como dizia Cazuza são destinos traçados na maternidade. E ninguém precisa acreditar.



"Quando fecho os olhos, é você quem eu vejo; aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim. Dilacerando felicidades de mentira, desconstruindo tudo o que planejei, abrindo todas as janelas para um mundo deserto. É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias, me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos, ilumina o corredor por onde passo todos os dias."

(Caio F.)

9 comentários:

Anônimo disse...

Gente que delicia de sensação de suspense, misturado com uma dose extra-forte de desejo! Quero saber essa história tal como é, heim? hehehehe

Beijão!

Alexandre Lucio Fernandes disse...

As vezes o destino tem suas surpresas. E fica difícil explicar determinadas sintonias. Simplesmente ecoam. E o sorriso permanece. História muda, roteiro incerto, mas tudo certo. Mútuo.


Lindo Paulinha.

Beijo doce.

Ariana Luz disse...
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Ariana Luz disse...

eu sei que me vejo por aqui, exatamente aqui:Hoje são como estranhos, tão estranhos que as coisas mais estranhas ocorrem entre eles.

não tem explicação, e é só.

Olga disse...

amei. 8D

Eva Cidrack disse...

Eu me identifiquei com a menina, fisica e sentimentalmente. Viajei no seu texto, viu?! :)

Rodrigo Vignoli disse...

As vezes, realmente, um olhar basta.



Lindo! =]

Jaya Magalhães disse...

Posso cazuzear ainda mais?

'O nosso amor a gente inventa pra se distrair, e quando acaba a gente pensa que ele nunca existiu.'

É por aí. Teu texto me fez confirmar que é bem por aí.

Beijo, Paulinha.

Rodrigo Vignoli disse...
Este comentário foi removido pelo autor.