Que tudo era pra sempre..." (Cássia Eller/ Renato Russo)
Abriu o guarda-roupa e puxou suas caixas de cartas, essas caíram por todo o chão. Separou as dos antigos namorados, ficou a madrugada inteira lendo minuciosamente cada linha. Eram tantas as promessas feitas, as juras de amor, a cumplicidade e as confissões trocadas. Lembrava-se do carinho, do cheiro, dos beijos. Pensava no conteúdo das cartas que também escreveu, deveriam existir inúmeros “amo-te”, sempre pensava que aquele era pra sempre, mas ai, um dia, o encanto passava. Agora todos eram como estranhos, não habitavam mais sua vida, nem seus pensamentos, devem ter tidos várias após ela, era esquisito pensar dessa forma. E ali, debruçada sobre todas as cartas, relembrava o primeiro beijo, o pedido de namoro, quando conheceu as famílias de cada um, os momentos de alegria e também aqueles de tristeza. Teve vontade de queimar tudo ou jogar na privada e dar descarga, doía pensar que tudo aquilo que sentimos um dia simplesmente acaba, assim, simples. Doía pensar que na verdade nunca amou ninguém, que tudo que sentirá até então era ilusão, talvez carência. E os contos de fadas? E os viveram felizes para sempre? Respirou fundo e começou a guardar tudo, foi guardando com carinho e pensando que esperaria as próximas cartas, e as próximas, até que chegasse o seu pra sempre.